26.2.13

Joaquim Vieira: est rebus in modus



Joaquim Vieira escreveu uma biografia de Mário Soares, que acaba de sair.
No livro, de mais de oitocentas páginas, fala-se de Macau, sim, mas apenas no caso do "fax", que fora trazido a lume pelo jornal "O Independente", através da jornalista, entretanto falecida, Helena Sanches Osório, dando a Soares oportunidade de se demarcar do que para ele seriam apenas as actuações de «quatro gajos do PS»...
Quanto ao caso TDM e àquilo que o próprio Joaquim Vieira investigara, enquanto jornalista do "Expresso", e denunciara nas páginas daquele semanário, no que se refere às ligações do próprio Soares e de gente consigo relacionada na rede Emaudio/Emaudio International/Robert Maxwell, nem uma palavra. Nem quanto a isso nem quanto ao "dossier" Alberto Costa. Fala-se de uma detenção de dois administradores por "irregularidades" de gestão e fica-se por aí. 
O biógrafo Joaquim Vieira terá as suas razões para silenciar aquilo que o jornalista Joaquim Vieira investigou. 
No prefácio do livro, chamado "Mário Soares e Eu", percebe-se, porém. 
Quis o destino que Vieira, mandatado pela editora para escrever a obra, se encontrasse, casualmente, com Soares, este para um tardio passeio matinal. Felicitando-o pelos artigos que Vieira, entretanto, escrevera sobre as "escutas a Belém", (o "caso Fernando Lima"), Soares acrescentou que o fazia, independentemente do que fora o relacionamento deles no passado, porque isso estava «sanado». Ante isso, consigna Vieira no livro:  «Que outro político teria tal atitude?».
Precisamente. Eis! Est rebus in modus.
Conheci o Joaquim Vieira que foi jornalista do Expresso. Não sei quem é o autor deste livro. Pura e simplesmente não sei.

P.S. Percebi que era preciso explicar que a expressão latina, assim construída, é uma ironia e não uma errada citação do brocardo est modus in rebus. Ele há coisas que realmente!

16.2.13

A rota farpela do Estado


Sob a ameaça de os meter na cadeia, o Estado torna cada cidadão um recebedor de impostos, no caso do IVA e do IRS: retêm-nos com a obrigação de os entregar ao Fisco. Quem presta um trabalho cobra IVA a quem o prestou e paga IRS por tê-lo prestado. Idem quem vende o que seja.
Agora, sob a ameaça de multa, o Estado torna cada cidadão fiscal das obrigações tributárias dos comerciantes, punindo-os se não lhes exigirem facturas.
Em vez de pagar aos funcionários, o Estado corta-lhes o vencimento e despede-os. Em contrapartida, usando o Direito Penal como forma de pressão, o Estado privatiza o serviço fiscal pela pior forma, a mais desproporcionada, a mais atentatória dos princípios constitucionais.
Até aqui os tribunais, que terão de ser o braço armado do sistema, têm estado calados e sobretudo quietos. Até ao dia em que o primeiro tribunal levantar a mão para a acabar com este expediente que degrada o cidadão no cobrador de fraque, a rota farpela do Estado.