23.9.12

Que fazer?

Portugal tem solução possível dentro do sistema que nos governa? Não tem.
Estamos, a nível político sob uma democracia de base partidária assente na seguinte arquitectura: dois partidos, que não se distinguem já nas ideias e traduzem o mesmo núcleo essencial de interesses, o PS e o PSD, rodam na área do poder, expressando o rotativismo que tem governado a nossa vida pública desde que a revolução burguesa assumiu o poder com o vintismo e de que a ditadura do partido único do Estado Novo foi excepção; dois partidos que não têm acesso ao poder central, o PCP e o BE, e assumem franjas particulares do poder periférico, a nível de organizações territoriais autárquicas ou de classe e, enfim, um pequeno partido que convive com o poder central, o CDS-PP, não conseguindo nele impôr o seu ideário, trocando princípios por arranjos a nível das composições de Governo; enfim a grande massa dos indiferentes, a abstenção, a abulia política, o que legitima, afinal, o estado da Nação e tudo quanto nela é permitido ao Estado porque consentido ao Governo.
A nível económico-financeiro, estamos, como comanditários tecnocráticos, sob a batuta de um rearranjo estratégico do capitalismo, ditado pela Europa Central, que, por via do sistema bancário, pelo regime fiscal e através de manipulações nas Finanças Públicas, logra a simultaneidade do rebaixamento salarial, a concentração monetária nas grandes empresas e bancos e o reembolso pela Alemanha de quanto lhe custou a Europa que é o espaço vital do seu novo Reich.
A nível dos corpos separados, temos umas Forças Armadas acantonadas desde que o fim do serviço militar obrigatório as privou de ser a Nação em Armas, transformando-as num destacamento de profissionais da pura técnica militar para uma Defesa que não há.
Ninguém que tenha algo a perder quer assumir qualquer responsabilidades no Governo, todos sentem ter perdido tudo pela responsabilidade do Governo. O divórcio entre uma raquítica sociedade civil e um agigantado Estado é total. O panorama geral é de inquietação, revolta e anarquia. Todos odeiam tudo, ninguém tem esperança em nada.
Um País assim perdeu a capacidade de se regenerar pelas estruturas que criou para se governar. A democracia já não oferece nem respostas nem governantes, actualmente apenas feitores de uma política alheia, a dos credores, que os nacionais em carne viva desprezam, com a ira dos falidos.
Portugal não está só sob o domínio estrangeiro, Portugal está sujeito a ter perdido a sua soberania.
Portugal tem solução possível dentro do sistema que nos governa? Não tem. Uma revolução não é desejável, é infelizmente inevitável. O resto é agonia e vergonha. Uma doença viral toma conta de tudo, gangrena moral que mina primeiro o ímpeto, enfim o próprio respeito que um Povo a si mesmo se deve. Os conservadores, como eu me sinto tanta vez, temem a primeira faísca, que os despertará do sono e da alienação.

14.9.12

Os impostos e a banca

Um cidadão que não pode pagar a totalidade do IRS mas pretende pagar uma parte tem contra si uma lei que o impede, como se o Estado estivesse rico e pudesse prescindir desse dinheiro! 
Mais: esse cidadão, a requerer o pagamento do IRS em prestações, o que a lei permite, tem de prestar garantia bancária pela totalidade da dívida, ainda que querendo e podendo pagar parte de imediato! 
Mais ainda: a garantia bancária que terá de prestar e pagar, não só terá de ser pela totalidade da dívida, que ele gostaria que não fosse tão alta e pode, alias, amortizar, pelos juros - e nesta parte compreende-se - mas igualmente sobre mais 25% da quantia total, tudo a pesar naquilo que o banco cobrará e com o que lucrará!
Enfim: temos um Estado na penúria, que prescinde de receber e que dá mais esta oportunidade de negócios aos bancos! O capital mostra a sua face não mostra?
Acudam, que uma pessoa passa-se!

13.9.12

Vacórias...

A net proporcionou o anonimato, este abriu a porta ao pior que a alma humana tem. Até aí seria apenas a demonstração de que, embuçado, o Homem revela a sua pior faceta, o lado negro da alma: o ataque cobarde, lançando suspeitas, insídias, rumores, acusações mesmo, o que de identidade revelada se não faria; o atrevimento sórdido, exibindo um despudor, um desbragamento, uma falta de maneiras, que, sabendo-se quem é, nunca teria oportunidade de existir. 
O pior é quando isso gera a irresponsabilidade pelo dano que se causa, pelo mal que se pratica.
Os jornais on line, na sua ânsia de audiência e público, abrem porta ao descontrolado anonimato. É exactamente o mesmo que o demais espaço cibernético, mais a potenciação do efeito pelo fornecimento do meio público.
A questão é esta: ninguém controla, ninguém responde, ninguém repara o mal destes milhares de mascarilhas, valentes porque escondidos, ousados porque travestidos, desbragados porque irreconhecíveis?
Vem isto a propósito de um comentário que está numa notícia publicada num jornal dos de maior audiência nacional. Ei-lo tal e qual:

VACÓRIAS

13.09.2012/16:59

UMA PÉROLA: Tenho uma pequena empresa de confeções em braga e sei o que é aturar esta camabda de saloios que só querem dinheiro. Lá só trabalham 75 mulheres 9 horas por dia e vão começar a trabalhar ao sabado o dia todo. É preciso acorrenta-las ao trabalho porque se lhes dou 550 euros é para produzirem e trabalharem. E não para andarem sempre metidas na casa de banho a mandar mensagens aos pombinhos ou aos amantes. Fora aquelas que andam sempre com o periodo. Já as grávidas expulsei da fabrica e em breve vou-lhes anunciar que mulheres que venham com os periodos por mais de 5 dias , são expulsas da fábrica sem idemnização sem nada. O passos Coelho pede trabalho, Arduo trabalho esse que o obrigo a estas vacórias fazerem...

8.9.12

Comprar mais barato o trabalho alheio

O que passa a nível do Governo? A obediência do que foi determinado pela Europa do capital: transferência de meios financeiros dos trabalhadores para o Estado, através dos impostos e demais prestações, dos trabalhadores para a banca, directamente através do crédito e da dação em pagamento dos imóveis sob hipoteca, indirectamente, através dos apoios do Governo com o dinheiro que terá de ser pago a quem o adianta na mira do juro, os prestadores internacionais e a estes através dos contribuintes; concentração dos capitais das zonas periféricas na Alemanha, ali namorados pela banca russa e turca; redução da massa salarial para tornar a compra do trabalho mais barato ao capital.
A médio prazo, a Alemanha terá sido reembolsado de quanto lhe custou esta Europa, de que os ex-radicais Barroso's são capatazes, e o capitalismo estará reorganizado. A crise é nele uma doença e uma lei comportamental, reorganiza-se assim.
Quando Pedro Passos Coelho, com falsa compunção, carrega nos que trabalham, sob a alegação de que assim permite mais emprego, está pura e simplesmente a tornar mais barata a vida ao capital. Dos que o elegeram muitos nem sonhavam que ia ser assim, os que o criaram como criatura política, esses estão realizados porque assim foi. Para eles, de facto, «o futuro é agora». O mais é raiva popular e propaganda do regime.