6.7.12

O pensar e o existir

O que são as redes sociais? 
Uma forma de cada um dizer o que pensa e o que se sente. Assim se assegura a liberdade de expressão quando a liberdade de imprensa a não permite.
Uma forma de cada um mostrar o que criou como artista. Assim se assegura a difusão cultural quando o mercado editorial não o possibilitaria.
Uma forma de cada um exprimir o que opina enquanto cidadão . Assim se assegura a participação cívica onde a partidocracia o impediria.
Mas as redes sociais são também um meio de cada um assegurar, como num jornal de parede, a manifestação do seu diário íntimo. 
Iludidos pela ideia de que estamos ante "amigos", damos conta do por onde anda o nosso ser exterior e o que povoa o nosso ser interior. 
O resto é a mundividência de cada um. Há os sedentos de interlocução, os carentes de palco. Há os que pretendem aplauso, os que esperam compreensão. 
Encontra-se ali o sublime e o patético. O ridículo também, este quantas vezes corporizado na tentativa desajeitada de se encontrar eco, outras por virtude das interpretações a que se prestam os actos e os gestos, as carinhosas e as malévolas.
É o reino da fantasia. A realidade perde a sua natureza material. O humano transmuta-se em mito. O facto cede ante a sua interpretação. 
Mundos de sombras e de espelhos, potencia a solidão sob a aparência de companhia, o equívoco à conta de tanto esclarecimento.
O FB esse pergunta ao abrir «o que está a pensar?» querendo significar «o que está afinal a fazer?». Essa a questão. O cartesiano «penso logo existo» dá vida a quem imagina que só assim a tem.