19.6.11

Ontem num colóquio ouvi da boca de um jornalista: se funcionasse apenas a lógica do mercado muitos jornais fechavam.
Claro que houve tempos em que, imperando ideias socializantes, havia imprensa estatizada como o "Diário de Notícias". A situação era a mesma. Nesses conturbados tempos um membro do Governo com funções para [ou contra a - , como diziam os seus detractores] Comunicação Social entrou no gabinete do do seu ministro, um dia, esbaforido, perlado de subor e de tartamudices verbais fruto da aflição porque «os tipógrafos, em greve, recusam-se a imprimir o jornal». «Óptimo», disse o tigrino ministro, cuja frieza de ideias cumulava um coração piedoso para com as vítimas dos seus interesses, «quanto menos sair menos prejuízo dá».
Aplicado a muito do País, funcionasse o mercado, amanhã fecharia a Carris e tudo quanto é transportes, incluindo a CP. Talvez se fechasse mesmo o Estado para poupar a Nação.
Voltando aos jornais a pergunta que se justifica é: se em termos de mercado dão prejuízo mas não fecham, quem sustenta o vício? E sobretudo porquê ou para quê? Ninguém perguntou. Acho que as pessoas sabem mais do que parece. Os silêncios são eloquentes.
Há, por isso, um jornal, que vai aceitando de embarda anúncios das meninas que prestam serviços íntimos. Não é porque o dinheiro delas, vindo da tristeza de vender alegria, estimule, é porque, naquele que já foi um jornal de referência, a sua companhia já não choca.