12.3.11

Viva quem vive!

Ter vivido o tempo suficiente para ter assistido ao transformar-se em revolta a inquietação, mesmo quando ainda ingénua, da juventude. E ei-los na rua.
Ter vivido o tempo suficiente para ter purgado o pecado original de termos educado, mesmo quando iludidos, uma geração de apatia, consumismo, indiferença. Porque fomos nós.
Ter vivido o tempo suficiente para ter sabido conviver com a ideia de que, inconformistas na juventude, os enganámos, adaptando-nos, mesmo quando pesarosos, ao insuportável, gerando democraticamente os tiranetes que nos dominam. E somos o pesadelo do péssimo exemplo.
Ter vivido o tempo suficiente para termos visto a geração que tornámos rasca e à rasca a desenrascar-se nas ruas da manifestação. E nós com eles.
Ter vivido o tempo suficiente para serem eles, inflamados ainda só de protesto, o motor do sonho, a alavanca da mudança, a revolução que vem no coração do homem antes de se propagar ao âmago da sociedade onde vive.
A todos quantos são jovens, a todos quantos viveram o tempo suficiente para não terem envelhecido com tantos anos, viva!
Portugal ressurge do chão.  Viva, pois! Viva!