6.11.10

A tenda dos tintins

Espantam-se? Mas que geração é esta que está hoje no poder e no mando no sector público, mesmo onde eram dispensáveis, e no sector privado onde conseguiram tornar-se úteis porque necessários? Aquela que gerámos, cobaias na instrução do propedêutico e do serviço cívico e do unificado, fruto na educação dos nossos complexos de progenitores liberais e permissivos. A que aprendeu a arregimentar-se nos partidos como forma de fazer carreira, os partidos a que demos existência, entregando-lhes primeiro o Estado, depois o País. Os consumistas, egoístas, aqueles que não passam os apontamentos das aulas aos colegas para que eles não lhes passem à frente na classificação. Os que se colam aos pais e deles vivem, incapazes de deitar a mão ao esforço do sustento próprio. O fruto da desagregação dos nossos lares. Aqueles para quem o último mestrado corresponde o primeiro desemprego. 
Somos, enquanto País, a mistura complexa de cinquenta anos de ditadura de Estado que caiu de podre e de vinte e cinco de socialismo de Estado que se desmoronou. À lógica do funcionalismo somámos a do clientelismo.  
Falido e desacreditado esse Estado, damos connosco a boiar no charco liberal da desregulação, no pântano do mercado e suas monstruosas criaturas: a economia sufocada pelas finanças, a produção ao serviço da dívida.
A República Popular da China compra a dívida externa de Portugal, porque a Nação dos Portugueses se tornou numa tenda de tintins. O Fundo Monetário Internacional pode tomar conta disto, porque tal como os que vão aos Casinos de Macau, na roleta do mercado de capitais, estamos nas mãos das casas de penhores. As seitas encarregam-se do resto.