22.6.10

O vagabundo

Tantos são eles, os sem abrigo! É uma vergonha!
Na rua da livraria Pó dos Livros há outro. Exalam, ele e os papelões sujos de que faz casa, um cheiro fétido.
Tudo aquilo é miséria e álcool. A sua casa é um vão de escada de um prédio onde fica um anafado Banco. Na mesma rua a Igreja de Fátima, onde se vai pregar o Reino da Bondade e a Caridade entre os Homens.
Um dia destes masturbava-se de pé virado para a rua, indiferente a tudo, que o corpo de um vagabundo tem apelos que nem a fome nem a loucura matam.
Pior escândalo do que aquele triste sexo virado para a rua é a miséria em que ele vive, a miséria da nossa indiferença, masturbando-nos, quantos de nós, indiferentes passeantes, com titilantes ideais contemplativos! Nisso, eu pecador me confesso, um de tantos outros!