18.5.10

O triolismo político

O Presidente da República tentou a lógica: para os homosexuais legalizarem as suas uniões não é preciso chamar-se a tal «casamento». Se as palavras ainda tiverem uma semântica neste mundo de verbosidade oca, seja. Com a mesma lógica então o partido que se diz chamar socialista tem de mudar urgentemente o nome que usurpa.
O Presidente da República tentou a pedagogia: os partidos na Assembleia da República bem poderiam ter tentado encontrar um consenso nesta matéria. Pois poderiam, se não fossem partidos e o tema não fosse dos que parte e que Belém não se iluda.
O Presidente da Republica tentou a dignidade: em nome da grave crise financeira que é o que ela é, promulgou a lei para unir os portugueses. De união se trata, de facto, sexual e pessoal.
Ora valha-me Deus. Para encontrar argumento Cavaco Silva escusava de se encostar à crise. Bastava dizer que se rendeu às conveniências, todos percebíamos e já ninguém se importava.
Ante a possibilidade enfim do casamento gay José Sócrates está feliz: a sua união nacional com o PSD é agora um jogo a três com Belém na mesma cama.