2.4.10

A misericórdia e a esperança

Censora, acusadora, justiceira, guardiã da inocência, a Igreja que queimou vivos quantos prevaricaram, que excomungou os que divorciaran e anatemizou os que ousaram duvidar, a mesma Igreja cai hoje de joelhos aos pés da cruz.
Pede perdão mais do que a Deus, pede misericórdia à memória dos que condenou. A pompa abate-se, inútil, o báculo abate-se, bengala de trôpego banido.
Eu leio: «Por isso os apóstolos trancaram as portas com medo. Nada estava concluído apesar de Jesus dizer que “tudo está consumado”. Apenas estranhos como o Centurião e Nicode-mos trabalhavam na sombra a convicção de que ali não estava o fim. Um dos ladrões também, mas tinha partido. Um silêncio descrente se apoderou de todos, inclusive dos que desconfiavam dos guardas do túmulo que poderiam deixar escapar, por roubo, o corpo desse Nazareno que veio roubar a tranquilidade à cidade ocupada onde pouco acontecia. Outra vez fora adiada a vinda do Messias». É o editorial do Padre António Rego, da Agência Ecclesia, a fonte de notícias da Igreja Católica em Portugal.
Infinita seja a misericórdia e a esperança. Se não houver Deus, é o reino de Satanás em plena glória e esplendor.