21.2.10

Fúrias

Quando li os vários volumes da biografia de António de Oliveira Salazar, escrita pelo falecido Embaixador Franco Nogueira, impressionou-me constatar os períodos de depressão a que o chefe do Governo era dado, com estadas de reclusão na sua modesta casa em Santa Comba Dão, quase incomunicável, e deixando os seus poucos colaboradores angustiados quanto ao que fazer.
Agora há o risco de ser a histeria, a doença que começou por ser uma forma de furor uterino. A classe política pelos vistos sofre de acessos de cólera que se não indiciam isso deixam dúvidas suficientes. Eram conhecidas as fúrias de Mário Soares, são conhecidas as de José Sócrates. Os jornais à falta das primeiras noticiam as de Gordon Brown. «Os alegados ataques de fúria e gestos de intimidação contra colaboradores atribuídos a Gordon Brown obrigaram o primeiro-ministro britânico a defender-se na televisão, garantindo que "nunca" bateu em ninguém», diz o Público, aqui. Dizem os psicanalistas que a histeria é uma feminilidade fálica. As vítimas das fúrias, compreende-se, podem não gostar.