16.1.09

A lindinha

Ouvia distraído rádio quando ele, futebolista, falava. Acho que tinha vindo de África ou do Brasil, esse pormenor não retive, mas tinha aquele entusiasmo tropical e, pelos vistos, aquela habilidade natural para dar pontapés e correr atrás de um bola que fazia dele e tantos iguais heróis de culto e figuras de luxo, pagos a ouro.
Vim aqui escrever porque, ao tentar dizer, numa frase só qual o seu grande objectivo em campo, aquela missão que dava a todos os seus músculos um fito e lhe povoava a cabeça de ideias tácticas fazendo de cada corrrida um propósito, de cada finta um instrumento, de cada remate uma apotesose, explicava que a ideia era «meter a lindinha lá dentro».
Rejubilei! Revi-me em êxtase, o estádio da vida em pé, eu, glorioso, olímpico, sumamente viril, a lindinha lá dentro.