22.6.08

O Tempo das Cerejas

Deu-me esta manhã para visitar os que me visitam. E dei conta, ao passar pelo belíssimo blog do Vítor Dias, O Tempo das Cerejas, que o Vasco Pulido Valente terá posto a correr que o PCP aproveitou o Europeu para «lançar uma campanha contra o futebol».
Ora se lançou, não dei conta, porque estou cada menos informado de acontecimentos correntes e futebol é coisa de que não me informo, porque uso esse tempo, mais o dos prolongamentos dos desafios, para fazer outras coisas mais variadas e mais urgentes. A minha vida diária é, aliás, sempre decidida a penalties.
A verdade é que o Vítor Dias ainda me fez sorrir, levando a sério as diabruras do VPV e dando-se por isso ao trabalho de indagar se era verdadeira a atoarda. Minuciosa busca leva-o a concluir: «como se poderá ver nas imagens abaixo, a «campanha contra o futebol» por parte do PCP foi de tal maneira oficial, pública, notória, forte, intensa e desabrida que um folheto de promoção da Festa do Avante! 2008 (concebido e editado por um estrutura directamente dependente da direcção do PCP) até incluia um calendário dos jogos do Europeu !».
Sorri-me, porque amanhã, que se comemoram cinquenta anos da morte de Cândido de Oliveira, o jornal Público editará, assim espero, um artigo que para lá enviei a lembrar que aquele anti-fascista foi parar ao Tarrafal por ter trabalhado como agente secreto ao serviço da causa aliada, na rede clandestina do SOE; e curiosamente, ele é um dos grandes conhecidos do futebol e um dos grandes esquecidos da Tarrafal, sobre o qual escreveu um livro, editado em 1974, prefaciado pelo falecido advogado José Magalhães Godinho, que tive ainda o privilégio de conhecer e ter como amigo, irmão do historiador Vitorino Magalhães Godinho.
É uma das ironias da História. Esta omissão do nome de Mestre Cândido em relação aos tarrafalistas, disse-a eu, de viva voz - permitam-me esta particularidade - a Jerónimo de Sousa quando a «Editorial Avante!» me convidou para o lançamento, no Centro de Trabalho Vitória, do livro sobre o dito «Pântano da Morte». Fez-me confusão de facto que, unidos na comum desgraça, até a morte os separe, sempre os nossos e os outros. A memória histórica deveria ter lágrimas iguais.
Um abraço ao Vítor Dias e um bom domingo para todos.