8.7.07

Escutas: palavra de escuteiro!

Ontem estive num jantar onde o meu interlocutor me dizia que leu num jornal um historiador a explicar que o Hermano Saraiva cometia erros históricos graves nestas memórias que vem publicando para nossa ilustração e gáudio de alguns. O advogado e historiador, não será o da boa-memória, mas aproxima-se, pelo menos, e sobretudo há momentos do que escreve que fazem sorrir o espírito, forma de lavar a alma, suja que está neste país de escândalos. Sorri-me, de facto, quando ele deu conta, há uns números atrás dessas memórias auto-encomiásticas, como foi difícil conviver com a mudança de nome da organização de escuteiros, que passou de «Corpo Nacional de Scouts», para «Corpo Nacional de Escutas». Compreendo. Na altura a ideia de um corpo destinado a escutar a vida alheia tinha má fama. Hoje, na democracia, considera-se o escutar as pessoas durante milhares de horas, um elemento essencial de investigação criminal, fundamental mesmo para o Estado de Direito. O problema é se, como diz o povo, «quem escuta de si ouve». Nesse dia é melhor ouvir e calar.
Ontem estive num jantar. Hoje vou passear ao Alto do Duque, apanhar ar e falar sozinho, que as paredes têm ouvidos.