22.1.07

O areias...

Vão os do Estado e mandam despejar toneladas de areia na Caparica. Vem o mar e lambe a areia. Volta o Estado e despeja mais areia. Volta o mar e volta a lambê-la. A coisa chega a ser obscena, a lembrar as «dunas» da canção. Ao ver pela TV, enquanto jantava, tanta parvoíce, lembrei-me de propôr aos do Estado: e que tal se em vez de meterem mais areia, bombassem a água do mar?. Como uma tubagem apropriada, tipo pipe-line, despejavam-na no Mar Morto e no Mar Aral. Ainda era um negócio fantástico.

20.1.07

A máscara

O argumento é, como agora se diz, recorrente: «falar na qualidade». Uma pessoa sai-se em público com uma afirmação polémica, discutível, errónea. Há duas formas de se ver livre do embaraço. A primeira é o «não foi isso que eu disse». Tal expediente está muito gasto, sobretudo quando está muita gente a ouvir e alguns a gravar. Então há o: «falei sim, mas foi nesta ou naquela qualidade». Normalmente é «falou, sim, mas na qualidade de cidadão!».
No caso da Dra. Maria José Morgado, que se meteu por estes atalhos, hás três coisas fantásticas. Primeiro, ela foi convidada para falar com uma etiqueta ao peito, a de «Procuradora-Geral Adjunta», que era o que vinha no convite. Segundo, ela não disse, estou aqui, neste encontro partidário, como cidadã, de toga despida. Terceira, teve que ser a Procuradoria-Geral a, desautorizando-a, dizer que a boca que falou não era boca de magistrado. Pois pudera!
Tudo isto é caricatural. Já nem é o terem as pessoas duas caras, conforme as conveniências, é já nem terem cara com que se apresentem e serem outros a enfiarem-lhes a máscara, conforme as necessidades!
Desculpem meter-me nisto, mas francamente, há um limite para tudo, para a exibição e para o rebaixamento.

1.1.07

O som bem audível

«As imagens ontem reveladas não mostram o momento em que foi suspenso, mas testemunhas contaram como foi bem audível o estalar do seu pescoço». É, como se calcula, sobre o enforcamento de Sadam Hussein. Por causa disso deve ser politicamente incorrecto sentir-se uma náusea sequer. Haverá até quem tenha ficado contente ao saber. É deste voyeurismo macabro que se alimentam as notícias. Em breve deve surgir o video amador do momento em que a língua se projectava, o corpo se contorcia, em agonia o enforcado se urinava pelas pernas abaixo, para gáudio dos que querem estar completamente informados.