16.11.06

Os deveres portugueses

O Diário Digital titula: «Portugal cumpre o seu dever e goleia Cazaquistão».
Acho genial a ideia que subjaz a este modo de narrar os 3-0 de ontem. Até eu, que não sei nada de futebol, vibro em clamor verde-rubro. A Nação dos Portugueses, nautas afoitos que deram novos mundos ao mundo, cumpriu ontem «o seu dever», em Coimbra.
Eis um novo conceito constitucional, mandato imperativo de Direito Natural, que o Estado exige, a Nação reclama, e os 11 da selecção, reduto final da Pátria, cumpre aos pontapés.
Se a nomenclatura pega, e passa dos estádios repletos [30 mil na cidade dos doutores] para as alcovas conjugais, o «cumpre o teu dever» ciciado num amplexo de amor, transformar-se-à, no acto de o cumprir, num berro machão que acorda em casa, assustadas, as crianças e traz, inquietos, os vizinhos ao patamar:«é golo! é golo! é gooooooooooooooolo!!!!!!!!!».