3.11.06

O mundo dos outros

A pessoa responsável que tem uma profissão exigente, o senhor respeitável que tem uma reputação antecedente, não deveria ter momentos de intimismo que nesta minha variada escrita se traduz. Um ser assim deveria viver em prosa e proibir-se a poesia, anular em si os sentimentos, trocar enfim, definitivamente, o coração pela cabeça. Não é que eu gostasse de ser assim, os outros é que sentiriam mais seguros, a normalidade unidimensional como uma garantia. Claro que, nos momentos de desespero, descobrem-se tristes nas suas lágrimas e anseiam um íntimo que os entenda. Felizmente para ele é só num breve momento de ténue fraqueza. No mais são todos uns heróis, muito práticos e altamente eficazes. Quanto a mim, daqui a pouco visto-me, de fato e gravata, a pasta das obrigações, os horários a cumprir, pelo mundo dos outros, até que a noite os recolha.