18.9.05

A aritmética do «Avante!»

O jornal «Avante!», órgão oficial do PCP, tem uma secção chamada «Argumentos» e quem nela escreve é o Correia da Fonseca. No último número deste periódico, que está «on line» [um «Avante!» ao alcance de qualquer PC], está este momento de boa disposição, a propósito da eleição para a Presidência da República e concretamente com o propósito de demonstrar que «a conquista de uma maioria absoluta na primeira volta não depende do número de candidatos desde que estes sejam mais de dois»: «Exemplifiquemos com uma hipótese improvável quanto a nomes, mas esclarecedora quanto à questão em aparente equívoco: afinal o professor Cavaco não se candidata e o único candidato da direita é o dr. Santana, que até está em situação se sub-emprego, enquanto que sob a etiqueta de «esquerda» se alinham Jerónimo, Mário, Francisco, Carmelinda e mais cinco outros candidatos cujos nomes me dispenso de inventar. Poderia o charme do dr. Santana conquistar 37% dos votos contra, na esquerda dividida, 18+17+7+1+1+1+1+1+1, somando 48% se a aritmética não me falha. Santana (direita unida) teria tido muito mais votos que a «esquerda dividida», mas nem por isso seria presidente por não ter tido maioria absoluta (cujo mínimo, nesta hipótese seria de 49%). Na segunda volta, os votos da esquerda, concentrados no único dos seus candidatos que teria passado a essa fase, facilmente ultrapassariam os 40% e Santana Lopes teria de se partilhar entre o seu lugar na AR e o escritório de advogado onde aguardaria a chegada de clientes». Ora aí está a evidência do «charme discreto da burguesia».